No mês do orgulho LGBTQIA+, muitas empresas simbolicamente trocam o logo e a identidade visual das redes sociais da marca pelo arco-íris. Será que isso é o suficiente para ajudar na causa?
Foto por: Unsplash
, Produção de Conteúdo
9 min
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16 jun 2022
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Segundo o relatório de Tendências de Gestão de Pessoas 2022, da consultoria global GPTW (Great Place to Work), embora empresas estejam demonstrando maior preocupação com saúde mental, questões de diversidade e inclusão ficam em segundo plano. Fala-se muito sobre diversidade, abraçar o diferente e as minorias sociais, mas na prática, poucas ações são de fato tomadas a respeito, visando alguma melhoria.
É o caso da EA, que sofreu ameaça de greve de seus funcionários no início de junho deste ano, caso não demonstrasse iniciativas e apoio aos LGBTQIA+ no mês do orgulho. Os colaboradores cobraram da empresa atitudes concretas, em detrimento de apenas colorir o logo da empresa simbolicamente com as cores do arco-íris.
Cada vez mais conscientes, os colaboradores cobram das empresas posições, visibilidade e lutam pela igualdade. Em alguns casos, nem é preciso mobilização, uma vez que a própria empresa tem como um de seus alicerces olhar com cuidado para a causa, e procura oferecer apoio concreto à equipe, como foi com a Meta, que se propôs a custear tratamentos de adequação de gênero a seus funcionários, dentre outras ações de impacto positivo aliadas à causa LGBTQIA+.
A Amstel, além de ser a cerveja oficial patrocinadora da Parada do Orgulho LGBT+ em São Paulo, dessa vez levará um cartório até as ruas da capital paulista, durante a 20ª Feira Cultural da Diversidade da Parada LGBT+, com o intuito de registrar a retificação gratuita do nome social de pessoas transgêneros em todos os principais documentos civis.
O setor automotivo também vem ganhando espaço na luta pela diversidade. Embora apenas 22% das empresas brasileiras do setor contem com programas de inclusão à causa LGBTQIA+ (em comparação a outras causas como equidade de gênero, acessibilidade a PcDs e questões étnicas), o número de programas e iniciativas criadas para o grupo saltou de 35% para 69% em 2021.
É um tanto quanto curioso a preocupação de certas organizações com a saúde mental de sua equipe, e ao mesmo tempo ignorarem questões de diversidade. Muitas vezes, uma causa está atrelada a outra. No Brasil, país onde mais mata-se LGBTQIA+, morre uma pessoa do grupo a cada 29 horas. Destas, 8% são suicídios. E os que não morrem, não se isentam de estarem sofrendo de depressão, ansiedade e outras complicações mentais devido à sua identidade de gênero ou sexualidade.
Além de olhar para seus internos, empresas cada vez mais buscam se posicionar em favor da inclusão para o público. Foi o que motivou a Mattel lançar em junho de 2022 a primeira boneca Barbie transsexual, inspirada na atriz Laverne Cox.
A dúvida que fica é se as empresas estão fazendo isso única e exclusivamente porque descobriram o poder aquisitivo do público LGBTQIA+, ou porque de fato se importam com a inclusão. Isto porque a contratação e ações de políticas inclusivas voltadas para transgêneros ainda são muito pequenas, se não inexistentes, na maioria dos setores.
A publicidade também desempenha um papel importante: ainda que não sejam ofertados produtos ou serviços específicos para o público LGBTQIA+, estudos mostram que o grupo se sente representado ao ser retratado em comerciais, o que pode contribuir gradualmente para a diminuição da LGBTfobia.
Aliar-se a questões de diversidade e inclusão não se trata somente de um marketing positivo para atrair novos olhares e investimentos.
Empresas que se preocupam com o bem-estar e individualidade de seus colaboradores, tornam-se ambientes mais produtivos para a equipe como um todo. Gestões inclusivas e compreensivas às necessidades de cada um têm mais chance de prosperarem que modelos de gestão conservadores e rígidos.
Quando abraçamos a diferença e nos aproveitamos do potencial único de cada pessoa, geramos um impacto positivo nos resultados finais de cada entrega, e evita-se o nível de insatisfação dos funcionários, que pode ocasionar uma alta rotatividade e índice de rejeição na empresa.
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Produtora de conteúdo na StartSe, roteirista e organizadora do Podcast Organizações Infinitas.
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