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3 min
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1 fev 2021
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Atualizado: 13 out 2023
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André Penha se define como um “nerd introvertido”. Um dos fundadores do Quinto Andar, a startup que garante o pagamento do aluguel em locação de imóveis e fornece seguro-fiança grátis para locadores e locatários, eliminando a burocracia de cartórios e papéis, é uma das cabeças pensantes da nova geração de empreendedores brasileiros que apostam na inovação permanente de suas companhias.
Na adolescência, o mineiro de Divinópolis, de 38 anos, era um daqueles meninos curiosos que gostava de mexer com eletrônica e de programar computadores, numa época em que a internet ainda não era tão popularizada.
Esse interesse levou o rapaz para a Universidade de Campinas (Unicamp), onde o CTO da startup que está revolucionando o mercado imobiliário nacional cursou engenharia da computação. Em 2002, egresso da Unicamp, o jovem Penha desejava atuar com games, um mercado muito enxuto à época. A saída: fundar a própria companhia.
Anos depois, esse tino empreendedor voltou à tona, mas agora com um propósito maior. A ideia de André era construir um negócio que transformasse o mundo real de verdade. Foi então que, em 2012, o Quinto Andar nasceu para “impactar positivamente a vida de muita gente”, relembra
André Penha conheceu Gabriel Braga, o outro fundador e CEO da empresa, na Universidade de Stanford (EUA), onde ambos cursaram MBA. Viver o zeitgeist do Vale do Silício iluminou a cabeça dos dois, que carregam até hoje a filosofia daquele universo disruptivo em Quinto Andar
“Acho que trazemos de lá a segurança para fazer coisas que parecem anormais. Quase todas as grandes inovações do mundo foram contra o consenso. O consenso é normalmente conservador. Então, se a gente quer realmente inovar, a gente tem que estar confortável com remar contra a maré e tentar algo que, nas condições normais de temperatura e pressão, daria errado. E ir mudando essas condições.
Os primeiros passos, porém, foram bem racionais. Os sócios analisaram o tamanho do mercado brasileiro de imóveis e a proporção que a solução deles poderia afetá-lo. O passo seguinte foi observar a gravidade dos problemas que eles almejavam resolver. Por fim, a qualidade do produto a ser ofertado.
André não é modesto em dizer que, nesse último quesito, Quinto Andar é bem melhor do que o mercado como um todo, mas também reconhece que ainda existe um longo caminho pela frente. Atualmente, a empresa atua em 15 cidades brasileiras, das quais cinco são capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Goiânia – Porto Alegre e Curitiba devem as próximas.
Curiosamente, a ideia de empreendedorismo de André Penha não está ligada à independência financeira, ou a ficar rico e milionário. “Acho que existem jeitos mais simples de ganhar dinheiro do que empreender. Quando comecei a minha primeira empresa, eu nem conhecia a palavra ‘start-up’”, recorda.
E os desafios foram tantos que o empreendedor considera difícil eleger o mais marcante nessa trajetória. No entanto, ele narra um episódio no início do Quinto Andar, quando ele e Braga voltaram dos Estados Unidos, em que ambos tinham uma dívida de aproximadamente 200 mil dólares. Quitar esses valores rapidamente e abraçar um emprego convencional, que oferecesse um bom salário, parecia muito mais tentador.
“Só não desistimos porque esse problema do aluguel, que tem um mercado muito ineficiente, é muito sério. E também porque a gente não precisava provar nada para ninguém. Fundos de venture capital até conheciam a gente, mas não acreditavam muito na ideia. Eles esperaram a gente ‘provar que fazia sentido’ antes de investirem. E a gente provou”, diz.
Sobre a nova rodada de investimentos de R$ 250 milhões, feito pelo fundo de private equity americano General Atlantic, que colocou a startup no ‘clube das bilionárias’, André faz uma reflexão sobre a evolução do mercado de investidores desde a época em que a empresa foi fundada.
“[Conseguir] dinheiro é difícil, mas o mercado hoje é muito mais profissional do que em 2012. As empresas também são muito mais preparadas do que a média das empresas na época, além de haver mais disponibilidade de capital, que é algo que o ecossistema de companhias bem-sucedidas faz acontecer. À medida em que mais empresas crescem e dão lucro aos investidores, outros investidores (ou os mesmos) vão se arriscar mais na próxima geração de empresas”, diz.
Para 2019, Quinto Andar projeta expandir a atuação para novas cidades e lançar novos produtos. Um deles é Quinto Andar para imobiliárias. Ao invés de sufocar os concorrentes, a empresa vai selecionar algumas companhias que vão poder usar a plataforma para acelerar o aluguel dos imóveis e a segurança dos proprietários. “Vai ser bom para todo mundo”, comenta André.
André também acredita que a dinâmica do mercado brasileiro de imóveis deve mudar nos próximos anos e que muitas pessoas vão preferir alugar do que comprar, privilegiando maior mobilidade habitacional. E nessa toada Quinto Andar entra com o desenvolvimento de novas ferramentas tecnológicas para seguir desburocratizando o aluguel de imóveis
“Acho que inteligência artificial pode ajudar muito na eficiência dos processos e a realidade virtual vai poder, em breve, ajudar na eficiência dos corretores, reduzindo as visitas dos clientes que não gostam do imóvel. O ideal para todo mundo seria que o cliente só visitasse imóveis que ele realmente gosta, e talvez um tour de realidade virtual, quando for amplamente adotado, ajude nisso”, diz.
Essa constante inovação foi um dos fatores que alçou a empresa ao posto de uma das startups mais desejadas do Brasil. Os louros, porém, são compartilhados entre os 600 funcionários do Quinto Andar. Na visão do fundador, os valores da companhia e os métodos de trabalho, em um ambiente que preza pela horizontalidade, promovem maior desenvolvimento profissional e aprendizado.
“Temos um time muito competente que eleva o nível das discussões e nos faz desenvolver autocrítica. A gente valoriza transparência e autonomia. Transparência porque você pode e deve dizer o que pensa de maneira estruturada. E autonomia porque os times podem tomar decisões bem embasadas por conta própria, mas sempre com a responsabilidade de entender e discutir com outros times da empresa”, pontua.
A empolgação, no entanto, é comedida quando o assunto é projetar Quinto Andar como um dos próximos unicórnios brasileiro. “Quem trabalha no Quinto Andar sabe que a gente não gosta de títulos. A gente gosta mesmo é de resultado. Então prefiro não confirmar, nem negar essa história de unicórnio”, brinca.
Ano de fundação: 2012
Sede: São Paulo
Número de funcionários: 600
Ramo de atuação: Aluguel de imóveis
Modelo de negócios: Garante o pagamento do aluguel para o proprietário e dispensa o inquilino de apresentar garantias como fiador ou depósito. Fica com o valor do primeiro mês de aluguel e depois 8% a cada mês. Transfere os outros 92% ao proprietário do imóvel.
Fundadores
André Penha, 38 anos, engenheiro da computação pela Unicamp com MBA na Universidade de Stanford (EUA).
Gabriel Braga, 36 anos, administrador de empresas pela UFMG com MBA na Universidade de Stanford (EUA).
Por que fundaram a empresa: “O problema do aluguel era muito chato e alguém tinha que resolver.”
Sonho: “Alugar um imóvel ser algo tão fácil para morar que comprar um imóvel para morar vai ser algo pouco relevante”
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