A pandemia mudou radicalmente a forma como encaramos o trabalho e deixou claros indícios que o futuro do trabalho já está nas empresas
(Foto: Anchiy via Getty Images)
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10 min
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2 mai 2022
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Atualizado: 19 mai 2023
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Por Camila Petry Feiler
Antes da pandemia, víamos nômades digitais e até pessoas que trabalhavam no regime home office com certa distância -- em que mundo seria possível trabalhar e viajar e não ir ao escritório? Parece que esse mundo chegou, adiantando tendências que se desenhavam para um futuro do trabalho bem além.
E não só o lugar de trabalho mudou, como apoiou muita mudança: estar em casa exigiu novas formas de organização, comunicação e digitalização. Logo, novas tecnologias para tornar isso possível, mas, principalmente, novos modelos de gestão. E dessa vez não deu pra esperar mais um pouco, o mundo vivia uma pandemia e era preciso se adaptar. Agora é o momento de entender que a mudança faz parte do nosso cotidiano e que o futuro do trabalho já é agora.
Nicholas Bloom, professor de economia na Universidade de Stanford e pesquisador do tema trabalho remoto, disse no Índice Anatomia do Trabalho 2022, levantamento feito pelo Asana, que “em termos quantitativos, apenas 5% das jornadas de trabalho em período integral se passavam em casa antes da pandemia, e agora a minha pesquisa sugere que este número saltará para 25% depois que as restrições forem retiradas. Trata-se de um número cinco vezes superior, que normalmente levaria trinta anos a ser atingido ao ritmo das tendências pré-pandêmicas.”
Um levantamento feito pela PwC com diretores financeiros mostra que 68% dos CFOs dizem que as transições para o trabalho remoto motivadas por crises tornarão sua empresa melhor a longo prazo. Além disso, 40% das empresas dizem que planejam acelerar a adoção de novas formas de trabalhar.
Na prática, o retorno aos escritórios ainda é uma grande questão sem resposta. A pandemia não acabou, mas o ritmo de vacinação trouxe certa segurança, o que fez muitas empresas adotarem modelos híbridos, onde os funcionários trabalham alguns dias de casa e outros no escritório. O que está em jogo é entender como manter a cultura da empresa, a colaboração entre as pessoas, o bom desempenho e a saúde mental em dia. A saída está na conexão, garantindo que as estruturas híbridas sejam justas para todos os funcionários, melhorando a experiência do trabalho e a retenção.
2021 foi um marco na digitalização para muitas empresas. E não foi só na adoção de e-commerce, atendimentos virtuais ou presença on-line: muita tecnologia passou a fazer parte do cotidiano das equipes, que começaram a fazer reuniões, planejamentos e entregas remotas.
Com isso, a tecnologia avança para tornar o futuro do trabalho melhor. Os softwares passam a integrar o dia a dia da equipe fomentando espaços de cocriação online, reuniões e encontros, chats e grupos de mensagens, calendários compartilhados, além de ambientes digitais para planejamento, organização e metas.
Como tudo vem se desenhando, esses processos vão se tornando mais imersivos, com experiências cada vez melhores -- o zoom, por exemplo, vem entregando inteligência artificial para analisar o comportamento do consumidor, na hora da venda.
A tecnologia, no fim, traz automações e facilitações para as equipes. Elas no aproximam do fator principal da equação das empresas que é o humano. Como nos disse Renan Conde, diretor da Factorial HR Brasil, “com todo avanço tecnológico, as empresas ainda perdem muito tempo com o Excel. E os RHs estão voltados para processos, não para pessoas.” Portanto, quais tecnologias podem mudar o jeito como você trabalha e simplifica a rotina do time?
“Em 2022 e em diante, os líderes devem avaliar constantemente quais são as necessidades dos seus funcionários e o sentimento da sua equipe. As empresas que vão prosperar na era da agilidade serão aquelas que vão continuar evoluindo e, como resultado, atraindo e retendo talentos melhores porque prestam atenção e se adaptam. As organizações que não agirem assim ficarão para trás.” A fala é da Dra. Sahar Yousef, neurocientista cognitiva na Universidade de Berkeley com 10 anos de experiência combinada em pesquisa e gestão no relatório sobre futuro do trabalho feito pelo Asana.
Com as novas demandas do trabalho, comando e controle já não fazem mais sentido. Manter a equipe engajada, alinhada e conectada se apresenta como um novo desafio para as lideranças, que devem saber ouvir e construir novas formas de trabalho com seu time.
+ Fim de planejamento, comando e controle
As pessoas enxergam o escritório como um espaço de convivência, ainda mais depois do Covid-19. Mas não é só isso: ir ao trabalho, vestir a camisa de um time e dedicar estudo e horas da semana a um projeto hoje envolve a sensação de propósito.
Um estudo da PwC descobriu que 79% dos líderes acham que esse propósito é fundamental para o sucesso dos negócios e a Gallup descobriu que 41% dos funcionários querem saber o que uma empresa representa.
Isso perpassa as relações com a liderança, o alinhamento e visão de futuro, criando o famoso salário emocional. Quando o funcionário percebe que a empresa se preocupa de forma genuína com ele enquanto ser humano, ele tende a se sentir mais motivado e reconhecido. A gente falou melhor do tema aqui, onde Maiara Nakamura, do PicPay, afirma que em um momento de mudanças e acelerações como o que vivemos, é preciso ter essa segurança emocional para garantir saúde mental.
As mudanças vieram de uma hora para outra e exigiram que as empresas fossem ágeis e inovadoras para se adaptar às mudanças no ambiente de trabalho. E se você imaginava o futuro do trabalho muito mais ágil, temos a resposta: ele é.
Não ser capaz de se adaptar às mudanças rapidamente e tomar decisões rápidas pode prejudicar seriamente a produtividade da sua organização e dos funcionários. Além disso, para serem mais ágeis, muitos empregadores também começaram a dar mais empoderamento aos seus funcionários na esperança de impulsionar o senso de empreendedorismo.
Isso envolve elos fortes, lideranças engajadas e alinhadas, times coesos e estruturas cada vez mais abertas, que se escutam e trabalham em direção ao mesmo objetivo.
O futuro do trabalho não está fechado e não vem em uma caixinha: precisamos moldá-lo. O que a pandemia nos mostrou, de acordo com Cristiano Kruel, CIO da StartSe, é que “devemos nos preparar não apenas para conseguir fabricar coisas novas, mas desenvolver novas capacidades para mudar a forma como criamos e fabricamos as coisas novas, e no centro disto está a nossa capacidade de desenvolver novos modelos mentais de como reimaginar isto tudo. O nosso progresso exige que reaprendamos a fabricar as coisas.”
Que essa nova descoberta do trabalho seja para rever a forma como as relações acontecem, como otimizar o trabalho e melhorar o ambiente para que se torne inclusivo, promissor e acolhedor.
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Jornalista focada em empreendedorismo, inovação e tecnologia. É formada em Jornalismo pela PUC-PR e pós-graduada em Antropologia Cultural pela mesma instituição. Tem passagem pela redação da Gazeta do Povo e atuou em projetos de inovação e educação com clientes como Itaú, Totvs e Sebrae.
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