Empresas como a Xiaomi aprenderam a transformar sua comunidade de clientes em parte fundamental da empresa. Entenda!
(Foto: Mike Pont / Correspondente via Getty Images)
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11 min
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23 mai 2022
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Por Sabrina Bezerra
Você, com certeza, já ouviu alguém defender uma empresa. Essa pessoa, muito provavelmente, conhece tão bem a marca que tem ótimos argumentos sobre o serviço ou o produto — e tenta, de alguma forma, influenciar você a ser cliente também.
“Ah! Mas essa marca além de investir muito em tecnologia, cuida dos fãs”, me contou Rafael Reis, treinador técnico na Xiaomi Brasil, se referindo à Xiaomi.
Ele é fã da empresa chinesa. Já comprou mais de 70 produtos e sabe os detalhes técnicos de todos eles. Não por ser um funcionário, mas por ter uma relação de consumidor com a companhia há anos.
“Lembro quando a Xiaomi chegou ao Brasil. O ano era 2019 — e eu, que já a acompanhava pela internet — acampei para participar da inauguração”, diz ele. “E acredite: a Xiaomi cuidou de todos os fãs que estavam ali ao oferecer alimentos e segurança”, completa Reis com os olhos cheios de lágrimas de emoção. Pouco tempo depois, se tornou um dos funcionários da empresa no Brasil. “Aproveitei o momento para fazer networking”, afirma.
Ele não é o único. “A Xiaomi — que nasceu em 2010 como uma startup e se tornou a gigante dos smartphones — tem uma comunidade de fãs chamada ‘Mi Fan’ da qual muitos mundialmente se tornam funcionários”, diz à StartSe Luciano Barbosa, head do projeto da Xiaomi no Brasil. A empresa não divulgou o número exato de contratados.
Essa legião de clientes (que muitos se tornaram funcionários) foi conquistada com uma estratégia baseada em marketing apenas em redes sociais. Viralizou porque no caso dos smartphones — carro-chefe da companhia — compete com gigantes como Apple e Samsung, porém com preço mais barato.
Atualmente, apenas no TikTok a hashtag Xiaomi já tem mais de 6,8 bilhões de visualizações. No Instagram, 11,3 milhões. Virou fenômeno. Primeiro, na China, depois ganhando outros países. No Brasil, hoje tem 7 lojas físicas oficiais, vendas por meio de parceiros e e-commerce.
Para você ter uma noção, o aparelho Redmi Note vendeu cerca de 240 milhões de aparelhos globalmente. A expectativa é manter o mesmo ritmo de crescimento em vendas com o lançamento da linha Redmi Note 11, lançada no Brasil em abril de 2022, em um evento interativo com convidados (cerca de 3 mil) fãs.
Além disso, em maio de 2022 alcançou a marca de 500 milhões de usuários ativos de celulares. Título que antes era ocupado apenas por Apple e Samsung, segundo um estudo da Counterpoint, empresa especializada em análise de mercado.
Em tempos de “Great Resignation”, está cada vez mais difícil encontrar e reter talentos. Agora, imagine só: encontrar profissionais que entendam os detalhes e amam a sua marca? Bingo. Mas como atraí-los?
A primeira dica é básica, mas importantíssima: a pessoa precisa conhecer os benefícios dos seus produtos. Como fazer isso? Use a internet a seu favor. Desta forma, você vai atrair uma multidão de internautas que poderão se tornar fãs da sua marca. E, depois quem sabe, funcionários.
É importante que os usuários da marca façam avaliações e interajam juntos. “A Xiaomi criou a Xiaomi Community, app de mensagens oficial da marca, em que as pessoas encontram todo tipo de informação sobre os produtos — todas escritas pelos usuários da comunidade”, conta Barbosa. Quanto mais avaliações uma pessoa fizer, sinal que possivelmente ela entende da sua marca e pode contribuir internamente na companhia.
No Brasil, a estreia da comunidade da empresa chinesa é recente. Aconteceu em abril de 2022 junto com o lançamento do Redmi Note 11. “A cada inscrição, uma árvore será plantada”, afirma Thiago Araripe, gerente de marketing da Xiaomi Brasil. A iniciativa vai ao encontro da Agenda ESG, que virou um dos critérios dos consumidores ao decidir fazer uma compra ou trabalhar em uma empresa.
“Uma das coisas que me fez ser apaixonado pela Xiaomi é a forma que a empresa trata os fãs e os funcionários. Se eu posso dar uma dica, é: cuide, trate bem e você, então, verá os bons resultados”, diz Reis.
Como? Converse com o seu cliente, responda as mensagens nas redes sociais, peça feedback, faça eventos imersivos. Isso porque, é importante trazer o cliente para perto para que ele se sinta parte do time. Possivelmente isso fará com que ele tenha vontade de trabalhar na empresa.
Mas cuidado. Aconselha Vitor Silverio, gerente sênior de parcerias estratégicas da Robert Half. “Existem pessoas que amam a marca e as que amam trabalhar na empresa. Por exemplo, se você contratar alguém que ama a sua marca, mas se ela não se adequar à cultura corporativa, não vai dar certo — e perde o risco de deixar de consumir da companhia”, diz o executivo.
O ideal, segundo ele, é transformar (dar o título) aos funcionários [novos e atuais talentos] em embaixadores de marca. “Essa pessoa vai falar bem da marca, seja em uma reunião ou com amigos em um churrasco. Tenha certeza: este profissional será tão leal que mesmo com proposta da concorrência, ele vai continuar na empresa.” “Além disso, essa pessoa tende a ser mais inovadora e criativa porque além de fazer o trabalho dela, vai sentir prazer em fazer algo a mais, em pesquisar mais”, completa.
Transformar o fã da sua marca em funcionário pode ser uma boa estratégia para a empresa. Isso porque, hoje estamos vivendo a era do Great Resignation ou A Grande Renúncia, que é um movimento em que trabalhadores estão se demitindo. Então, pense com a gente: se você tem um funcionário que ama a sua marca e a sua empresa, dificilmente ele vai entrar na onda da demissão voluntária. Ao contrário, vai querer indicar mais pessoas para a empresa, mas este é papo para outro artigo.
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Sabrina Bezerra, head de conteúdo na StartSe, possui mais de 13 anos de experiência em comunicação, com passagem por veículos como Pequenas Empresas & Grandes Negócios e Época Negócios, ambos da Editora Globo.
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