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Benefícios flex dão mais liberdade à empresa e colaborador

Entenda como funciona a nova modalidade de auxílio empresarial que concede ao colaborador liberdade para escolher como deseja gastar seu benefício

Benefícios flex dão mais liberdade à empresa e colaborador

Pagamento de comida com cartão (foto: Getty)

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Um oferecimento

Por Emily Nery

Há até pouco tempo, era comum que, ao ingressar em uma nova empresa, o funcionário recebesse três cartões – de Vale Refeição, Vale Transporte e Vale Alimentação. Nesse caso, a proposta de emprego soaria mais interessante conforme o valor disponível para cada auxílio. Contudo, chegou um tempo em que esses métodos de remuneração deixaram de brilhar os olhos dos profissionais almejados pelas empresas. 

Desse modo, a relação entre empresa e colaborador começou a mudar. O funcionário, além de atuar profissionalmente, também dirigia sua atenção para outros aspectos da vida, como saúde, entretenimento e bem-estar, por exemplo. Não demorou muito para que os empreendedores perceberam a mudança e buscassem uma diversidade de benefícios para o seu colaborador. Com o tempo, começaram a surgir franquias para academia, farmácia, lazer e por aí vai. Além disso, investidores e empresários começaram a enxergar esse recente mercado de auxílios como uma valiosa oportunidade de negócio. 

Atualmente, o setor de benefícios corporativos vive um “boom”. Cada vez mais as empresas, sejam elas pequenas ou grandes, buscam formas de adotar essa remuneração. E estar preparado para enfrentar essa transformação significa, principalmente, garantir profissionais de qualidade e que tenham visões parecidas com as da empresa.

Mulher fazendo compras no supermercado (foto: Getty)

POR QUE VIROU TENDÊNCIA? 

Existem alguns motivos que explicam o novo rumo da remuneração, que dá ênfase à experiência do que somente o depósito do salário no quinto dia útil do mês. Eduardo del Giglio, fundador da Caju, startup de benefícios corporativos flexíveis, explica alguns deles. “Hoje em dia é um grande desafio contratar e reter talentos. O empresário concorre com uma empresa estrangeira e com outros diversos tipos (de companhias). É muito importante que ele dê as melhores propostas de valor ao colaborador”, comentou. 

Além disso, Eduardo comenta sobre a alta tributação em cima de empresas e trabalhadores com carteira assinada. Todavia, quando se adotam essas remunerações extras para o funcionário, não há a taxação de impostos sobre esses serviços. “Quando damos o benefício, não tem imposto sobre isso. Existem linhas específicas que a CLT e as leis de trabalho permitem a inclusão deste serviço”. O CEO ressalta que explorar essas atividades dentro da lei “é saudável tanto para a empresa quanto para o colaborador".

BENEFÍCIOS COMEÇARAM A TRAZER MUITA BUROCRACIA

Em contrapartida, a longa lista de benefícios começou a enfrentar alguns problemas. Em primeiro lugar, eram muitos os fornecedores com os quais o setor de recursos humanos precisava tratar. Operacionalmente, virava um serviço trabalhoso, burocrático e até desatualizado quanto às normas atuais, que procura acelerar a digitalização dos processos nesta área. 

Com a reforma trabalhista de 2017, permitiu-se a flexibilização da oferta de benefícios para as empresas, dentro dos critérios definidos nos acordos coletivos com os sindicatos de cada ramo de atuação. Além disso, o teletrabalho foi regulamentado. 

Em segundo lugar, as remunerações extras muitas vezes não eram consonantes com o estilo de vida do funcionário. Para uma pessoa mais caseira, por exemplo, valia mais a pena que um cartão voltado à cultura tivesse mais saldo do que o vale refeição. Falando no famoso “VR”, ainda existia o problema de que nem sempre o restaurante da escolha do colaborador aceitava a bandeira ou a marca do cartão.

Comprando comida por app (foto: Getty)

BENEFÍCIOS FLEX SURGIRAM COMO SOLUÇÃO

Eis que algumas startups enxergaram uma oportunidade de facilitar a vida dos colaboradores e das empresas. Este foi o caso da Caju. Fundada em 2019, pelos empreendedores Eduardo del Giglio e Renan Mendes, a startup oferece um só cartão com benefícios flexíveis. Ou seja, ela permite que o trabalhador gaste com modalidades que mais tem a ver com seu estilo de vida. 

Portanto, quando passar mais tempo em casa, poderá usar o auxílio para a Netflix, para investir em cursos on-line ou até pagar as contas de água e luz, por exemplo. Quando precisar frequentar o trabalho presencialmente, poderá gastar em restaurantes ou em transporte por aplicativo, como Uber e 99. 

Desse modo, a Caju opera com sete modalidades de benefícios: Alimentação, Refeição, Cultura, Educação, Mobilidade, Saúde e Home Office. O único cartão que consegue englobar todas essas categorias tem bandeira Visa, o que, automaticamente, o torna aceito na grande maioria dos lugares. Mais aproximadamente, em 2,5 milhões de estabelecimentos.

Netflix na tela do computador em home office (foto: Clay Banks/Unsplash)

COMO FUNCIONA? 

A empresa escolhe quantos tipos de benefícios deseja incluir no cartão, qual o saldo para cada uma delas e quanto desse valor é flexível ou não. O colaborador poderá usar a fração que for flexível e organizar essa quantia dentro das categorias, assim priorizando as que mais usa no dia-a-dia. 

No caso da Caju, a tecnologia funciona da seguinte forma: no momento da transação, o sistema procura se ainda há saldo no categoria específica da compra e se a quantia é suficiente ou não. Essa movimentação de valores dentre as modalidades pode ser feita pelo próprio aplicativo da Caju, sem necessidade de sair de casa. 

Além dessas opções, a startup oferece também o Saldo Livre, que pode ser utilizado em qualquer tipo de estabelecimento, independente da classificação. É uma prática normalmente usada para premiar funcionários de destaque, por exemplo.

Mulher mexendo no notebook durante o home office (Crédito: Foto de Vlada Karpovich no Pexels)

COMO IMPLEMENTAR OS BENEFÍCIOS FLEXÍVEIS? 

Primeiramente, é essencial entender o que os colaboradores da empresa precisam. Nesse ponto, pesquisas e questionários são fundamentais para compreender suas principais preferências. Então, caso haja um plano de benefício vigente, é bom conferir qual a visão dos colaboradores sobre ele e se o serviço ainda faz sentido para o todo. 

Depois disso, o empresário deve, junto ao RH, definir um orçamento para os benefícios. De acordo com a Caju, a implantação desse tipo de remuneração precisa considerar a faixa salarial, a verba destinada a cada funcionário e a quantia disponível para cada categoria. 

Eduardo pontua que é válido consultar um advogado trabalhista para entender os serviços e as possíveis especificidades de algum funcionário. Para seguir o acordo com o sindicato, o empregador deve manter uma quantia mínima em algumas modalidades, que não pode ser transferida ou sacada. É necessário verificar o que consta em cada sindicato e nas leis trabalhistas a fim de executar o serviço da forma correta.

Funcionários de empresa conversam e sala de descanso (foto: Getty)

Após se certificar das normas jurídicas, estar de acordo com a lei e estipular os valores para os benefícios, chega o momento de montar o pacote ideal de acordo com a empresa. Nessa hora, é preciso encontrar uma companhia especializada que ofereça esse serviço. Vale comparar custos, verificar qual será o impacto financeiro e, portanto, escolher a marca que mais se adequa a vontade e a situação da empresa. Cabe ressaltar que bons fornecedores são essenciais para ajudar a escolher os melhores benefícios para os funcionários. 

A Caju revela a rápida aceitação que seu serviço teve no mercado. Embora tenha sido fundada em 2019, começou a atuar em 2020. Em tempos de pandemia, deixar o funcionário escolher como e com o que ele pretende usar o benefício foi uma estratégica escolha para as empresas, em especial para o setor de Gestão de Pessoas.

AUXÍLIO HOME OFFICE 

Percebendo a grande transformação do ambiente de trabalho por causa da pandemia, a Caju passou a oferecer a categoria de benefícios para Home office. O auxílio é uma ajuda de custo oferecida aos colaboradores para comprar artigos como cadeira ergométrica, itens de papelaria, bem como quitar contas de energia e internet e pagar possíveis assistências técnicas de computador. Vale ressaltar que esse tipo de auxílio está previsto no artigo 457, § 2º, da CLT. 

Com o intuito de facilitar as novas relações de trabalho e conquistar mentes brilhantes, a startup já conta com 50 mil usuários e cerca de 1.000 companhias que adotaram o serviço. 

 

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